Na sexta-feira à noite foram apresentados três livros, na (sala Sarilho) "A parte que nos toca", de Pedro Teixeira Neves, "Fevereiros Doutrinários", de José Alberto Postiga, e "O homem que comia de tudo", de Ricardo Dias Felner.
Pedro Teixeira Neves foi o primeiro a ter a tomar a palavra e aludiu à ligação dos temas mais importantes um pouco por todo o Correntes d’Escritas: “esta sala recebeu, durante a tarde, Rosa Montero, que abordou os tempos de ódio que se vivem atualmente. E este livro versa igualmente sobre pessoas vítimas desse ódio, os refugiados, esquecidos da sociedade, que fogem para a Europa e o que cá encontram é um farol cego”.
O escritor explicou que A parte que nos toca tem origem no Livro de Job, revisitando-o e questionando-o “num longo poema em três momentos”, pois como Job perante Deus, a função da escrita é de apontar, questionar, lembrar, resignar e gritar. Depois desta breve apresentação, Isaque Ferreira declamou alguns poemas da obra, para satisfação dos presentes, que enchiam a sala.
O microfone seguiu para as mãos de Michael Kegler, convidado pelo poeta poveiro José Alberto Postiga a apresentar Fevereiros Doutrinários, um livro “que mistura ternura com amargura, saudade e a obrigatoriedade da partida. O escritor alemão descreveu o autor como “emigrante que nunca saiu verdadeiramente do seu país, uma pessoa que saiu pescador e voltou poeta”.
“A jogar em casa”, José Alberto Postiga, mostrou-se emocionado com a receção entusiasta que recebeu no Correntes d’Escritas, esperando que “gostem tanto do meu livro quanto me salvou escrevê-lo”.
A concluir as apresentações na Sala Sarilho, Ricardo Dias Felner explicou as suas motivações para escrever O homem que comia de tudo, que “mistura o lead e as histórias circulares do jornalismo com elementos literários”.
Esta “arrogância de escrever sobre comida com o olhar voltado para tudo o que a rodeia” é algo que sempre fascinou o escritor nas obras do poveiro Eça de Queiroz, referência da literatura nacional e internacional, “que usava, de forma brilhante, momentos gastronómicos como forma de dar contexto aos seus textos”.
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